Lá estava eu naquele ambiente maravilhoso. Tinha à música (esta não das melhores), à bebida, às estrelas, à multidão, mas não tinha a mim. Desde a última vez que nos vimos você me levou sem a minha permissão.
Achei estranho tudo aquilo. Estranho ter tanto pra tornar um momento único e, ainda assim, saber que a única coisa que estava no singular ali era minha ausência. Não posso dizer que esta era completa, pois ainda havia uma parte de mim presente: a que te queria ali. Você era o que faltava naquele momento.
Chamei o garçom: Me vê uma desculpa pra disfarçar minha falta de coragem. Engoli aquilo como uma tentativa de matar minha sede por você. Obviamente, não deu certo. Quis te encontrar. Fui à luta. Consegui. Tão bom te ver. Esforcei-me para criar seu cheiro, seu olhar, seu cabelo – aqui minhas mãos já tinham vida própria -... Enfim, você. Pareceu estranho, mas não a mim – você nunca foi e nunca será tudo que eu sempre quis. Fiz meu julgamento. Julguei que precisava de você, mas por tempo indeterminado. O “tudo que eu queria” era antes aquilo que eu queria te dar que você em si – Ambição minha: você bastava.
Decidi então dar à minha mão o sentido que ela tanto queria quando saiu do meu controle. Iludi-me: não tinha mais controle nenhum sobre mim. Era querer demais quando você já estava em meus braços. Obviamente, não foi suficiente. Quis arriscar: aumentei a chama. Aproximei-me. Inclinei minha cabeça até encostar meu nariz no seu. Não me contentei, mas consegui um pouco de auto-controle e mantive aquele momento – fiquei ali sentindo sua respiração até entrarmos em uma espécie de ressonância. Chegamos tão perto que confundi os meus batimentos com os seus. Esperei até sua respiração ficar ofegante pra sentir seus lábios. Quando finalmente nos entregamos um ao outro – Senhor, gostaria de mais alguma coisa?
- Ah, sim. Gostaria de uma chance para tornar as coisas realidade.